A resposta começa no andar junto

“Esse é o momento de nós nos unirmos cada vez mais. Deixar as coisas velhas pra trás e viver vida nova, ser novas pessoas. As dificuldades estão aí para serem enfrentadas e sozinha eu não posso. Então podemos juntar os nossos pensamentos, as nossas atitudes e tentar transformar aquilo que é ruim no que é bom. Nós devemos andar juntos. Em tudo que decidirmos, não devemos decidir sozinhos. Devemos procurar ser cooperativa”. 

Assim nos disse Aldenir Ferreira da Mota, a Neguinha, agricultora familiar e extrativista da comunidade Olhos D’Água, cooperada da Cooperuaçu, quando perguntada sobre como ela percebe o momento atual para a produção agrícola familiar na região onde mora.

De fato, o dia a dia de Neguinha e dos outros produtores em sua comunidade sempre foi construído na base do diálogo e da solidariedade. As famílias produzem e tiram seu sustento por meio de atividades essencialmente coletivas e baseadas na relação com o Cerrado a partir de sua biodiversidade, o que fortalece o senso comunitário e a corresponsabilidade com a preservação ambiental.

É nas feiras que o povo conhece melhor a riqueza da produção agroextrativista e o trabalho das cooperativas. A Feira Agroecológica e Cultural ocorre durante as noites de terça-feira e eventualmente também às sextas-feiras na praça Tiradentes, em Januária, há cerca de 2 anos. Esse espaço de comercialização de alimentos saudáveis é também um lugar de confraternização, de celebração da cultura local, com apresentações de música e barraquinhas de culinária regional.

Além da feira, existe a Comunidade que Sustenta a Agricultura (CSA) Peruaçu, uma iniciativa que liga agricultoras e agricultores de 10 famílias produtoras da zona rural a 16 famílias da cidade, chamadas de coagricultoras, num sistema que permite o pagamento antecipado da produção para a entrega de cestas que são montadas à medida da necessidade familiar. Para além de uma relação de comércio de produtos, a CSA oferece um espaço de encontro, unindo a realidade rural e a urbana no local onde as cestas são entregues, fazendo dele ponto de convivência. As famílias se conhecem e constroem, assim, uma relação sustentável e fraterna. Por isso, mesmo quem não produz pode ser um coagricultor, participando dos mutirões de colheita e coleta dos produtos do Cerrado.

A CSA Peruaçu foi a primeira CSA do Brasil a ser gerida por uma cooperativa, a Cooperuaçu, além de ser também a primeira CSA de todo o Norte de Minas Gerais. Sua experiência é importante, pois mostra que é possível construir um sistema de abastecimento de alimentos saudáveis diferente e justo social e ecologicamente. E mais, mostra também que ações muitas vezes simples que envolvem trabalho coletivo, baseado em relações e valores solidários, podem contornar grandes estruturas e lógicas de exploração e construir uma sociedade mais plural e digna, onde caibam todas e todos.

Mas, por causa da pandemia da Covid-19, esses dois espaços de encontro, assim como toda a dinâmica de produção e de alimentação no território, foram profundamente impactados. Como aponta Neguinha, “foi um choque, um choque para todos nós. Estávamos aí num grupo no qual estávamos entregando alimento. Estava sendo um avanço no dia a dia e tudo isso foi modificado. Pelo medo, pela falta de recursos. Pra nós não está sendo nada fácil, tudo na nossa vida mudou”.

Josemar Mota, conhecido como Mazim, também da Comunidade Olhos D’Água, agricultor familiar e agroflorestor da CSA Peruaçu, segue na mesma direção quando diz que “os impactos são vários, desde o psicológico da gente, que fica bem afetado, como também a situação financeira, do dia a dia da gente, do convívio e vários outros fatores a mais”. Também Ticão, apelido de Valdecir Gonzaga, agricultor familiar e agroflorestor da CSA Peruaçu de Várzea Grande e cooperado da Cooperuaçu, aponta que “ficou difícil para sair até no supermercado fazer uma simples compra ou vender alguma coisa e conviver com o medo”. Rejiane do Carmo, de Várzea Grande, estudante do Curso Técnico em Agropecuária do Polo Peruaçu/IFNMG, lembra que “tem hora que a gente vai no mercado e não acha as coisas que a gente quer, que a gente tá precisando”. Isso porque, com a perda da dinâmica social e coletiva na produção, os mercados passam a ficar desabastecidos.

Josemar Mota (Mazim) na cavalgada anual da comunidade Olhos D’água/Peruaçu. Foto: Joel Sirqueira

O isolamento social na zona rural

Sabemos que mesmo para quem está nas cidades, possui emprego fixo ou tem a possibilidade de fazer home office, as mudanças desses tempos têm sido profundas. Mas o isolamento social na zona rural tem outras características. Para as populações do campo, que vivem do extrativismo, da agricultura familiar e da comercialização dos produtos em grande parte para os programas de alimentação escolar e nas feiras livres, a situação é muito grave. A própria ideia do isolamento social é estranha e desorganizadora dos princípios da vida, abrange todos os seus âmbitos. De muitas maneiras, isso prejudica as práticas cotidianas de interação e as próprias possibilidades de geração e distribuição de renda.

Neguinha desabafa: “estamos nos sentindo como um pássaro sem poder ir e vir. Você fica apavorado porque não sabemos quem está contaminado ou não. A pandemia transformou a nossa vida numa reviravolta, que se a gente for sentar pra falar, é muita coisa”.

Os encontros de discussão sobre o trabalho foram praticamente paralisados, mesmo para buscar soluções frente aos problemas da pandemia no Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu. As reuniões não puderam mais ocorrer presencialmente e a carência de internet é um impedimento para a realização dos encontros em formato digital para muitas pessoas. Silmara Correia da Mota, agricultora familiar e extrativista da comunidade Quilombola de Pedras, cooperada da Cooperuaçu, diz que “na região do Peruaçu são muitas as famílias que não têm acesso a uma internet para ajudar nos estudos. As reuniões e os cultos dominicais também não têm acontecido”.

Silmara Aparecida lê a ata em reunião na cooperativa. Foto: Joel Sirqueira

No que diz respeito às atividades produtivas, foram interrompidos os trabalhos de beneficiamento dos produtos extraídos do Cerrado, na medida em que as trabalhadoras e os trabalhadores não podem mais se deslocar até as unidades de beneficiamento de forma coletiva, que é a maneira de produzir as polpas, as geleias, o creme de pequi, a compota de cajuí e outros produtos. Também as atividades de assistência técnica aos agricultores têm sido prejudicadas, na medida em que situações de aglomeração devem ser evitadas.

Entre os sentimentos mais compartilhados entre as pessoas estão a incerteza e o medo: “a gente fica preocupado e não sabe o que vai acontecer depois no caso de contrairmos a doença”, cita Mazim. Neguinha diz que “antes a gente tinha um pensamento diferente, hoje você já não pode mais contar com esses pensamentos, sabemos que eles podem ser modificados a todo momento”. 

Nesse sentido, as ausências e os desencontros de informações alimentam os sentimentos de angústia e desespero das famílias, que não entendem o que está se passando e têm dificuldades para se planejar e se organizar. Por conta disso, o isolamento das famílias extrapola a dimensão física e é também sentido na forma de isolamento cultural, econômico, social, enfim, na vivência cotidiana. 

Esse sentimento é ainda agravado pelo fato de que os primeiros casos de contaminação da Covid-19 na região foram notificados justamente na zona rural, trazidos por pessoas que migraram para grandes cidades, em especial Brasília e São Paulo, e que retornaram nesse período da pandemia por falta de condições de por lá permanecerem. Por conta disso, os receios de contato e posterior contaminação nas próprias zonas rurais parecem ainda maiores. É preciso ser criativo para buscar outras formas de conversas e encontros.

Mas os desafios também obrigam a retomar o sentido do trabalho e revelam que o desejo é maior do que o medo que paralisa. E se existe um lugar onde é possível ver a criatividade e o ímpeto de trabalhar de forma coletiva, é justamente na zona rural. Aqui, há mais liberdade e possibilidade de viver bem, com dignidade. O contato com a natureza e o sentimento de pertencimento ressignificam a ideia de distanciamento e abrem possibilidades para uma variedade de novas e antigas conexões.

Nascem as iniciativas

Para as famílias que possuem seu pedaço de terra e podem ali mesmo cultivar hortaliças, colher castanhas de baru e produzir farinha de jatobá, a mensagem violenta e muitas vezes contraditória da orientação “fique em casa” pode ser sentida de outras formas. A possibilidade de autonomia alimentar, ao menos para a própria família, é algo que traz mais segurança, em comparação a quem vive nas cidades e depende do comércio para sua alimentação. 

Tomando os devidos cuidados, é possível manter as atividades de cultivo e extrativismo nos quintais e nas áreas de coleta, sem comprometer a saúde e a vida das pessoas. Mais do que possível, há urgência para que isso ocorra de forma mais extensiva, também para a geração de renda das famílias e para continuar oferecendo alimentos saudáveis para quem mora nas cidades.

A questão da alimentação adequada como um direito de todas e todos voltou a fazer parte da agenda pública porque a pandemia tornou evidente a desigualdade social que retira de milhões de brasileiras e brasileiros, incluindo os habitantes do Norte de Minas, a segurança alimentar. De modo geral, a preocupação com a fome está muito ligada com o caminho que os alimentos percorrem do campo à mesa. A lógica baseada nos grandes supermercados, grandes frigoríficos e grandes unidades de distribuição se mostrou extremamente incapaz de preservar a renda dos pequenos produtores e cooperativas e de dar acesso à “comida de verdade” para todos que demandam alimentos saudáveis.

Por isso mesmo, tem surgido e crescido iniciativas de produção e distribuição de produtos agroecológicos e advindos dos pequenos produtores como exigência de qualidade de vida e de saúde das pessoas. Exemplo disso é a montagem e distribuição das cestas de alimentos produzidos nas imediações das cidades a partir dos participantes da Feira Agroecológica e Cultural de Januária e a CSA Peruaçu. Todas essas experiências evidenciam o interesse dos consumidores nas formas de cultivo em equilíbrio com a preservação do Cerrado, na qualidade dos produtos que consomem e na justa distribuição de renda ao produtor rural.

Com a Feira Agroecológica e Cultural de Januária interrompida em março e, com isso, o fato de que as famílias agricultoras passam por dificuldades para escoar a produção, começou-se a pensar em alternativas. Sabe-se que muito se perde nas entregas remotas, tipo delivery. Há questões práticas relativas à preparação e à entrega das cestas, assim como há perdas menos visíveis, porém não menos importantes, como o “arejar” a cabeça e as trocas entre as pessoas, que acontecem durante a feira. 

Para aqueles que se perguntam se a CSA se equivale ou pode se equivaler ao delivery, a resposta é simples e direta: não, pois são propostas distintas, senão opostas. A CSA é uma tecnologia social e não envolve dinheiro vivo nas relações. É mais uma troca, onde famílias da cidade financiam a manutenção das famílias agricultoras e extrativistas no campo produzindo de forma sustentável e com qualidade de vida, e recebem o fruto dessa produção a cada semana na forma de cestas de produtos. Vê-se, portanto, que a prioridade é o apreço e não o preço. Esses mesmos princípios sustentam a Feira de Januária, que promove geração de renda e que tem na valorização cultural local um de seus importantes objetivos. 

O “plano B”, de que todos precisamos, deve ser pensado em outras bases. A comida precisa chegar e a renda precisa circular. Mas essa construção deve respeitar as necessidades e particularidades locais. 

É aí que a crescente conscientização dos consumidores aparece como uma das novidades positivas dos últimos tempos e pode nos ajudar a repensar e a reestruturar a dinâmica de produção e distribuição dos alimentos na região. 

A pulverização de intermediários físicos e financeiros presentes no sistema agroalimentar hegemônico mostra-se cada vez menos capaz de lidar com situações adversas. Sabemos que não há formas de resiliência e resistência quando não temos autonomia sobre o que comemos, sobre o que produzimos, sobre como nos relacionamos com nossos vizinhos. Se bem aproveitadas, a junção entre consumidores mais conscientes e a necessidade de revisão do sistema de abastecimento podem alavancar a vida das cooperativas e das famílias agricultoras e extrativistas na região. 

O desafio é não dispersar, não desperdiçar e não deixar apagar as conquistas populares dos últimos anos. Elas trouxeram ganhos expressivos em termos de renda, organização dos arranjos produtivos locais, acesso e aprimoramento do conhecimento, viabilização das agroflorestas e outros sistemas de manejo e acesso à água por meio de cisternas de captação de água para uso doméstico e para a produção. Juntamente com os ganhos econômicos e materiais, foram também conquistas marcadas pelo resgate e pela construção da confiança e da autoconfiança das pessoas em torno da noção de que a vida na região do Mosaico Sertão Veredas-Peruaçu é digna, abundante e soberana. 

Parte das respostas está na educação

A construção das vias alternativas das rotas de vida na região passa também pela dimensão educacional. Um dos espaços que contribui afetiva e efetivamente para essas construções de autonomia econômica e cultural é o Polo Avançado Peruaçu do Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG). O Polo chegou na região do vale do Peruaçu em 2018. Logo de início mais de 120 jovens se inscreveram para o Curso Técnico de Agropecuária com foco em extrativismo, cooperativismo e agroecologia, contextualizado à realidade local. Desses, 40 foram selecionados para a primeira turma que deve se formar em breve, assim que for possível retomar as atividades presenciais de ensino. O perfil dos estudantes é formado por agricultoras e agricultores familiares, cooperados, extrativistas, filhos, netos e sobrinhos de extrativistas da região do Peruaçu.

Leiliane, Rejiane e Fernanda, estudantes do Curso Técnico em Agropecuária IFNMG/Polo Peruaçu, em aula sobre uso de drones. Foto: Joel Sirqueira

Ao longo dos dois anos de atividades, os jovens vêm se qualificando para a produção e para a comercialização agroextrativista, bem como para o beneficiamento dos produtos do Cerrado e da agricultura familiar. Um dos objetivos é justamente perceber que as casas de farinha e os engenhos de rapadura são agroindústrias. 

Um aspecto fundamental do processo formativo é a possibilidade de colocar em prática em suas comunidades e quintais o que foi compartilhado, aprendido e vivenciado nas aulas e nos encontros no campus de Januária. Nesses encontros, estudantes de todos os polos avançados se reúnem por um dia inteiro para aulas práticas com os especialistas nos assuntos estudados.

Além da troca acadêmica, o contato entre os estudantes de diferentes comunidades é muito estimulante e enriquecedor. Da mesma forma, as viagens para a participação em feiras e eventos em diversos locais de Minas Gerais e em outros estados fortalecem a identidade do Norte de Minas a partir da valorização dos produtos da região. Se na capital do estado, Belo Horizonte, o pequi do Norte de Minas não é muito conhecido, na capital do país, Brasília, a qualidade do pequi do Cerrado mineiro é senso comum. Lá é sabido que o pequi do Norte de Minas é especial, seja em termos de tamanho, seja em termos de qualidade do óleo, por exemplo. 

A primeira turma do Curso Técnico de Agropecuária com o foco em extrativismo, cooperativismo e agroecologia já percorreu localidades nos estados de Goiás, Distrito Federal, Bahia e Piauí. Todas essas vivências envolveram processos de troca com outras comunidades e, a partir daí, fortaleceram o reconhecimento e a valorização das identidades e das riquezas da região do Peruaçu e do Mosaico de modo geral. São experiências transformadoras que evidenciam que o alcance do curso é muito maior do que apenas qualificar tecnicamente as pessoas. Há de fato um processo de formação de lideranças. 

Por tudo o que representa, o IFNMG pode ser um grande parceiro na estruturação das cooperativas e em outros arranjos produtivos na região. Além da educação, da pesquisa e da extensão, que formam sua base existencial, o Instituto pode dinamizar a agricultura familiar por meio das compras do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), para abastecer os refeitórios universitários dos campi e polos avançados. Para tanto, há que se avançar no alinhamento entre a realidade da produção local em termos de composição da lista de produtos e nos impedimentos burocráticos que dificultam a participação dos produtores, tanto mais em tempos do isolamento social em função da pandemia.

A saída vem de nós e já está em construção

Como vemos, são muitos os desafios, assim como são também diversas e potentes as sementes de mudança. São plurais as possibilidades de construção de caminhos alternativos, construídos a partir de tecnologias, ideias e princípios tradicionais como a solidariedade e a justiça, mas que se abrem para novas práticas e novos arranjos produtivos, sociais e culturais. 

Ticão, Neguinha e Silmara nos apontam o caminho da superação dos desafios, com o envolvimento de todos nós, seres humanos e natureza. 

Para Ticão, “a superação mais complicada está no campo da fé, pois temos que animar os desanimados e principalmente as vítimas do vírus, as famílias. Juntos temos mais esperança e nos encorajamos para suportar a dor das perdas que temos. O cooperativismo agora é sermos muito mais solidários em grupos que cooperam uns com os outros”. Já Neguinha diz acreditar que “tudo isso irá mudar, a CSA vai retomar de novo e todos nós vamos ser feliz novamente. Estamos trabalhando pra isso, pra que as coisas melhorem. Nós juntos, unidos, porque não posso pensar só em mim, mas em nós”. 

Por fim, Silmara nos ajuda a refletir sobre os caminhos. Não há dúvidas de que a saída passa por mais autonomia e soberania alimentar e por uma outra relação com a natureza – tudo o que já vem sendo construído no Peruaçu. O desafio agora é estender esses conhecimentos e práticas, disseminar esses valores e formas de viver e produzir. “Eu acho que o Peruaçu deve lutar pra produzir mais frutos, mais comida. Pra quando vier uma necessidade dessa, não ser preciso a gente ir até a cidade para comprar alimento para comer. Esse ano veio essa dificuldade, mas a gente ficou muito feliz com nosso Rio Peruaçu que graças a Deus aqui em casa tem água até hoje. Muitos anos a gente não via água correr nele e esse ano correu. Então, temos que nos juntar e unir forças pra produzirmos mais e mais. Como somos de comunidades tradicionais, poderíamos juntar aí ó: quilombolas com indígenas e ver se nesse nosso Cerradão bonito que temos aí, se não tem uma plantinha que seja boa, seja um remédio, que cure essa doença”. 

Imagem em destaque: Marcela Bertelli


* Joel Sirqueira é coordenador de trabalhos com extrativismo e agricultura familiar e professor no Instituto Federal do Norte de Minas Gerais.

** Luiza Dulci é economista e socióloga. Integra o Coletivo Agrário
Nacional do PT.

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