Todo verso que eu recito

Violeiros

O velho foi muito honrado
Com todo o talento que tinha
Os filhos maravilhados
Com tudo aquilo convinha

O velho ponhava o terreiro
Com a viola e os filhos alegrava
E os filhos tradicioneiros
Ouviam o que o velho tocava

Ponteados e mais ponteados
O velhinho executava
E todos em volta, curiosos
Permanentemente só olhavam

De repente, com carinho
A viola entregava
“Pega a viola, é assim”
E logo já ensinava

Todos filhos aprendiam
Se tornavam violeiros
E a vida assim seguia
Moradia de seresteiros

A viola é uma arte
Que manda a tristeza embora
Somente quem não conhece
Fala mal da viola

Passa de pai para filhos
De geração para geração
Parabéns, violeiros
Artistas do meu sertão

Menina Veredas

Princesas do meu Cerrado
Lindas como flor do campo
Perfumando orvalho das madrugadas
O frio cobre com seu manto

Tens beijo sabor de mel
Do mel mais puro natural
Vestida de primavera
Com estampas de orquídeas

Como veredas tranquilas
Vivem a manter os riozinhos
Como aves no acasalamento
Amam e constroem seus ninhos

Noivas do Cerrado
Colchões da sobrevivência
Agredidas e asfixiadas
Pela falta de consciência

Torrente de amores tais
Verdes, lírios e rosas
Reações sobrenaturais
Talvez árduas, sendo meigas e formosas

Vivam as veredas
Seus equilíbrios reais
Afogadas por labaredas
Ouço seus ecos fatais

Não possamos te despir
Mas dentro do teu abraço estamos
Sentimos, tristes também aqui
Mas veredas, te amamos… Te amamos

Adeir Vinicius Seixas da Rocha* é pedreiro, estudante de Letras, integrante do movimento veredeiro e morador de São Joaquim, município de Januária

O que você achou dessa matéria?
Conta pra gente.

Todos os campos devem ser preenchidos. Seu email não será publicado.